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Físico, Matemático, Engenheiro Eletricista (Pós Graduado –Mestre – em Engenharia Elética. Professor da Universidade de Brasília (UNB) desde 1968.
Natural de Goiandira-GO, nascido aos 22.12.37. Fundador do Sindicato dos Engenheiros de Brasília, fundador e 1º Presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas do Distrito Federal. Sócio Benemértito nª 1 da Associação de Imprensa de Brasília, fundador da Casa do Poeta Brasileiro de Brasília e Membro Efetivo Fundador da Academia de Letras de Brasília (I Cadeira – Patrono: Ezaú Marques Guimarães.
Autor de mais de vinte livros técnicos sobre eletricidade, sociologia e política.
Livro (de poesias) publicado
Homenagem ao Infinito.
MÃE (Antologia). Capa: Sônia Gonçalves Dias. Brasília. DF: Casa do Poeta Brasileiro (POÉBRAS) Seção Brasília, 1983. 200 p.
Ex. doação do livreiro Brito, Brasília, DF
UMA SIMPLES MULHER EXISTE QUE,
PELA IMENSIDÃO DO SEU AMOR, TEM UM POUCO DE DEUS.”
Bispo Dom Ramón Ángel Lara – Bispo de La Serena – Chile
CAMINHANDO COM MAMÃE
Tu caminhavas
Eu corria
Tu sorrias
Eu chorava
Porque querias
E eu sonhava
Tu conhecias
Eu ignorava
Tu ias
Eu te acompanhava
Hoje nesta rude lida
Tu ainda contemplas e abençoas
Enquanto vou por esta vida
Enfrentando um mundo que magoa
Porque não te tenho agora —
Mesmo que implorasse não teria
Porque está já indo embora
Para os santos braços de Maria.
ÁGUA – MÃE DE TODA VIDA
Pode-se pensar que o
Tempo esteja lacrimejando
No reencontro das águas
Vindas do Espaço se
Caídas no lago
Mas eu lhe digo que
O céu está sorrindo
Por ver o festival colóquio
Das águas novas mergulhando
Na água velha esperando
E meio surdo fecha
O firmamento para evitar que
O infinito escute o diálogo
Cada esfera cristalina
Documenta uma experiência
Que a natureza conta
São as crônicas que a
Eternidade embora para
Serem lidas pelas almas
Quando as gotas se fundem
No seio da mãe da toda vida: a água.
EM BUSCA DO ÚLTIMO AFAGO
Minha cabeça é o ocaso
De ideias em fenecimento
Confusas lembranças açoitam-na
E débeis saudades nela
Não conseguem-se aflorar.
Eu quero caminhar no passado
Em sua companhia, mamãe, mas,
Vejo-me só, sempre sozinho.
Menino franzino, descalço
A caminhar na escaldante
Areia da estrada em busca
Da escola.
O sol a pino castiga sua
Cabeça raspada onde brota
O suor travesso que molha
Os tocos de cabelo coar de sol
Nascendo.
Dois cadernos e um livro “Nosso
Brasil” na capanga a tiracolo,
Na mão esquerda um tinteiro supitando
E na direita uma lata de arroz branco
Para o lanche.
Calça curta de algodão
Tecido na roça
Camisa de saco de açúcar
Que vale o menino subnutrido,
De pés descalços, corpo franzino
Que pisa na areia escaldante da
Estrada em busca da escola
De roça?
Haveria, minha mãe querida,
Escala de medida capaz
De indicar o valor para ele?
Nove anos de sobrevivência,
Nenhum de vida ...
Só uma reminiscência
E a ingenuidade iludida
Sem ar de consciência
Hoje, nesta noite pesada,
A desesperança me está conduzindo
Para aquele tempo
Numa força insuperável!
Estas lágrimas que, esferas salgadas,
Deslizam-me na face são símbolo
De esferas pesadas, forjadas no
Aço da vida dura que tenho
Levado.
E, então a qualquer porque
Que volto aos nove anos direi:
Estou viajando nas minhas
Tristezas ao encontro do
Último afago que me fez
minha mãe.
*
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Página publicada em setembro de 2023
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